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Solo fértil: interação entre ph e disponibilidade de nutrientes

 

A adubação mineral representa uma parte das despesas totais do produtor, mas com grande influência nos rendimentos finais. Todavia, não basta apenas aplicar numerosas doses de adubos visando obter grandes colheitas, sua viabilização só é produtiva ao produtor quando corretamente utilizado e, o excesso de adubação, pode levar até mesmo a uma acidificação do solo.

O pH (potencial hidrogeniônico) do solo indica, numa escala de 0-14, a acidez (0-6,9), neutralidade (7) e alcalinidade (7,1-14) deste solo, o que influencia na solubilidade dos nutrientes e das transformações químicas no solo, afetando a atividade de microrganismos responsáveis pela decomposição da matéria orgânica, particularmente das bactérias que contribuem para a nitrificação dos compostos azotados.

No que concerne à disponibilidade de nutrientes, o Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K) – macronutrientes principais – Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Enxofre (S) – macronutrientes secundários – possuem maior solubilidade, e por conta disto, maior disponibilidade à planta, em solos com valores de pH mais próximos da neutralidade (entre 6,0-6,5).

Imagem 1. Relação do valor do pH do solo com a disponibilidade dos nutrientes. Fonte: The National Begonia Society (2018).

 

Outro aspecto a ser salientado, é a elevada solubilidade da maioria dos micronutrientes e de outros elementos, em solos ácidos (pH < 5,5). Este acréscimo de solubilidade de certos elementos pode contribuir para a ocorrência de danos no desenvolvimento das culturas dada a elevada atividade de elementos com potencial fito tóxico, casos do Alumínio (Al) e Manganês (Mn).

Solos agrícolas tem uma tendência natural para acidificarem, com maior tendência conforme maior a intensividade da cultura, por outro lado, corretivos e fertilizantes são suscetíveis interventores na variação do pH, sendo a acidificação a tendência do complexo para fixar quantidades importantes de íons de Hidrogênio (H+) em detrimento de outros íons minerais.

 

Mas a pergunta pertinente é: como regular os valores de pH?

A aplicação de fertilizantes pode contribuir para uma diminuição do pH dos solos, onde, fertilizantes orgânicos tendem a baixar o valor de pH, por meio da sua decomposição por microrganismos acarretando a liberação de prótons. Certos fertilizantes minerais, em especial os que contém nitrogênio amoniacal, são acidificantes. Não somente o sódio pode ter reação ácida, como também a absorção do íon amônio, pelas plantas, ou a transformação do nitrogênio, em sua forma nítrica, realizada por microrganismos do solo, são processos que liberam prótons.

Atualmente na agricultura, o método mais utilizado para aumento de pH é a calagem, que é caracterizada pela adição ao solo de qualquer composto contendo Cálcio (Ca) e Magnésio (Mg), com a função principal da elevação deste indicativo, almejando neutralizar seu valor ou reduzir seus efeitos tóxicos do Alumínio (Al) e Manganês (Mn), assim como melhorar o ambiente para melhor absorção radicular de nutrientes. São considerados corretivos de acidez do solo os produtos que contém neutralizantes, como: carbonatos, óxidos, hidróxidos ou silicatos de cálcio e/ou magnésio. A disponibilidade hídrica é fundamental para ativação, quanto maior for a adição de água ao meio aplicado, menor será o tempo de reação deste produto.

Imagem 2. Comparação do desenvolvimento radicular com aplicação e sem aplicação de calcário. Fonte: AgroPós (2017)

 

Contudo, também pode ser necessário o aumento da acidez (diminuir pH) do solo e, par isso, métodos como a aplicação para aumento gradual de acidez é a adição de enxofre, onde sua eficácia depende de fatores como umidade, temperatura e presença de microrganismos. Outro método instantâneo pode ser a utilização de sulfato de alumínio ao solo, devido a reação química envolvendo o alumínio, sua reação é praticamente que instantânea. Contudo, são práticas pouco utilizadas por conta da tendência dos solos em se tornarem mais ácidos conforme a exploração de nutrientes provenientes da cultura implantada.

O primeiro passo para entender a necessidade e o manejo adequado para o solo, é realizar a análise em duas profundidades, que podem variar conforme cada cultura e literaturas indicadas. Feito isto, a interpretação agronômica assertiva destes resultados é determinante para adoção de um dos métodos, recomendação de corretivos, condicionadores e fertilizantes para o solo, bem como o cálculo das quantidades necessárias de cada um deles e métodos de aplicação.